terça-feira, 15 de julho de 2008

Raças Auctóctones

Raça Mirandesa

Raça Mertolenga

“As raças autóctones de animais de quinta representam um património genético valioso, possuindo um grande potencial de valorização económica (e de conservação) se associado ao fomento de produtos tradicionais de qualidade.”
António Mantas

As diferentes raças autóctones de bovinos, ovinos, caprinos, suínos e equinos são o resultado da evolução dos animais de determinadas espécies no sentido de se adaptarem aos meios onde vivem. Este processo de adaptação resulta de viverem durante muito tempo sob as mesmas condições ambientais adquirindo um elevado grau de adaptação e uniformidade, desenvolvendo-se melhor nestas condições que outras raças que provenham de outras regiões. Estes animais podem ser originários destes meios ou terem mudado para estes locais por migração, consequência de alterações fisiográficas ou por transporte pelo Homem. Algumas destas raças, que hoje consideramos autóctones, podem ter origem em cruzamentos entre raças locais que se perderam ou mesmo noutras que ainda hoje subsistem, mas que evoluiram noutro sentido.

Qual a importância da manutenção?

Esta é múltipla, podendo-se salientar o seu papel nos agro-ecossistemas, permitindo uma utilização eficiente dos recursos disponíveis, tanto genéticos como materiais, contribuindo para a manutenção de sistemas de produção sustentáveis e para a fixação das populações rurais. É igualmente importante do ponto de vista da conservação da diversidade genética, uma vez que cerca de metade das diferenças genéticas são únicas para cada raça e a outra metade é comum a todas as raças da mesma espécie.

Extinção

De cerca de 5000 raças de animais de quinta cerca de 1500 estão consideradas em perigo de extinção, isto é, estão em perigo de extinção as raças que possuem menos de 1000 fêmeas reprodutoras ou menos de 20 machos. As raças autóctones, exploradas na sua maioria com fins económicos, apesar de bem adaptadas ao meio, não são frequentemente as mais adequadas para o fim para o qual são exploradas. Foi esta falta de adaptação às exigências do mercado e às alterações sócio-económicas que levou a que, durante o século XX, e sobretudo nos anos setenta, os efectivos de muitas das raças autóctones portuguesas baixassem de forma significativa, tendo-se receado que algumas destas se viessem a perder. Estava-se numa época de incremento produtivo, centrado em meia dúzia de raças altamente especializadas, com altos rendimentos de um único tipo de produtos.

Conservação

A partir dos anos oitenta a conservação das espécies ganhou principal destaque, em que os recursos genéticos e ecossistemas alcançaram um grau apreciável de consciencialização sobre a necessidade de conservar e preservar o meio ambiente.
Em Portugal existem mais de três dezenas de raças autóctones de bovinos, ovinos, caprinos, suínos e equinos. Muitas delas estiveram próximas do desaparecimento mas, através de um trabalho apurado de entidades oficiais e de produtores foi possível recuperar os efectivos para números que na maior parte dos casos as põem fora de risco. No entanto, é necessário considerar que a manutenção deste património genético terá de passar pela criação de condições de auto-sustentabilidade (valorização dos produtos, como seja da carne) ou através de pagamento de serviços aos agricultores que as mantenham, compensando-os pelas perdas de rendimento que obteriam se tivessem animais mais produtivos.

Regiões

Em todas as regiões portuguesas se identificam raças que são verdadeiros símbolos Nacionais ou Regionais como sejam as bovinas Barrosã, Mirandesa, Alentejana ou Mertolenga, a ovina Mondegueira, as caprinas Charnequeira e Algarvia, a suína Alentejana e as equinas Garrana ou Lusitana.

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