quinta-feira, 3 de julho de 2008

Espécies protegidas

A Lampreia possui duas formas de vida distintas. Enquanto larva vive nos rios, consumindo microalgas e detritos. Após vários anos, e uma profunda metamorfose, ela dirige-se ao mar, onde se alimenta do sangue de diversos animais.

Identificação e características: A lampreia é membro primitivo da classe dos ciclóstomos – é um vertebrado aquático semelhante aos peixes; no entanto não possui mandíbulas. O corpo é serpentiforme, com a cabeça pouco diferenciada. A boca, que funciona como uma ventosa, é de forma circular e encontra-se coberta de dentes cónicos. De cada lado do corpo, por detrás da cabeça, apresenta sete aberturas branquiais, e possui duas barbatanas dorsais na metade posterior do corpo. A pele é lisa e não possui escamas. As formas larvares de lampreia designam-se por amocetas e são muito distintas do adulto: os olhos são rudimentares e estão cobertos pela pele e a boca, sem dentes, apresenta a forma de uma ferradura. O adulto pode atingir entre 770 mm e 830 mm de comprimento e pesar entre 900 g e 1100 g, e pode viver até aos 18 anos.
Distribuição: A lampreia é um migrador, a sua vida adulta decorre no mar, subindo os rios para se reproduzir. A sua distribuição no Oceano Atlântico estende-se desde a América do Norte até ao Sul da Europa, ocorrendo ainda no Leste do Mar Mediterrâneo.
Na Europa a área de distribuição geográfica desta espécie tem regredido, sendo, no entanto, ainda comum nos rios de Portugal e França, onde a sua exploração tem uma forte tradição, especialmente na região Norte de Portugal e Sudoeste da França.
Ciclo de vida: A larva da lampreia é relativamente sedentária, passando a maior parte do tempo enterrada nos rios, nas zonas de vasa pouco profundas. Ao fim de um período que pode ir de 5 a 11 anos deixa de se alimentar e sofre uma metamorfose, transformando-se num indivíduo juvenil, cuja morfologia externa se aproxima à do animal adulto. Durante os meses seguintes o juvenil emerge do substrato e migra para jusante até ao mar, onde se desenvolve até à forma adulta. Quando atinge a maturidade, o adulto de lampreia deixa de se alimentar e inicia a migração para os rios, onde constrói ninhos, reproduz-se e morre, cerca de uma a duas semanas mais tarde.Durante a migração para a reprodução, as lampreias sofrem modificações morfológicas e fisiológicas importantes, resultantes do jejum e da maturação sexual. No final do período de reprodução as lampreias apresentam grande degeneração dos órgãos internos, durante e após a reprodução, não deixa nenhuma dúvida de que morrem pouco tempo após a libertação dos gâmetas.
Alimentação: A larva da lampreia alimenta-se essencialmente de diatomáceas e detritos. A lampreia adulta é um peixe parasita, que se fixa com a boca a peixes e mamíferos marinhos. Com os dentes rasga a pele do hospedeiro e com a saliva, que impede a coagulação, suga o sangue.
Estatuto de conservação: No século passado a lampreia era um peixe abundante nos rios do Norte de Portugal, bem como nos rios Tejo, Zêzere e Guadiana. A partir das décadas de 60-70 tem vindo a registar-se um declínio considerável nas capturas de lampreia em rios como o Mondego e o Tejo, e o seu desaparecimento de rios como o Douro e o Guadiana. A construção de barragens, aliada à poluição dos cursos de água, são as principais causas para este declínio, que levou à classificação desta espécie como vulnerável.

Curiosidade: Pescadores ajudam lampreias a subir o Rio Lima
O açude de Ponte de Lima constitui uma barreira intransponível às lampreias que vêm do mar para desovar. Na opinião dos pescadores, se não se reestruturar o açude, criando comportas elevatórias que possibilitem a passagem das lampreias para montante, a curto prazo estas deixarão de existir no rio Lima.
Para minimizar as perdas e evitar a extinção da espécie no rio, a Direcção Geral das Florestas autorizou uma operação levada a cabo por pescadores, os quais capturaram lampreias junto ao açude de Ponte de Lima, transportando-as de carro até Ponte da Barca, onde as devolveram ao rio, para aí poderem desovar. Esta operação vai ser repetida algumas vezes este ano.
Apesar deste esforço, segundo a opinião dos pescadores estas acções apenas permitem ganhar algum tempo não resolvendo o problema, visto que a única solução passa pela modificação urgente da estrutura do açude.

1 comentário:

Anónimo disse...

Esta muito interresante, gostei de ter tido conhecimento de alguns promenores que desconhecia, mas podias ter escolhido um bichinho mais lindo. Este só gosto dele no prato.